Com a impermeabilização dos solos promove-se uma rápida drenagem das águas para os leitos dos rios e por conseguinte a subida abrupta de caudal, o que torna menos fácil lidar com os 'acessos' da natureza, pois os solos em vez de absorverem numa primeira fase a água da chuva até ensoparem completamente, o que às vezes demora dias, agora demora horas ou menos que isso. O processo é conhecido, as causas também, mas é facto que todos os Invernos temos o problema com mais frequente e mais populações afectadas na sua vida quotidiana, nos seus modos de vida, e frequentemente com perdas humanas.

A propósito das últimas cheias, estalou uma polémica sobre a responsabilidade das consequências das cheias entre o Ministro do Ambiente, por um lado e os ambientalistas e as autarquias, pelo outro.
Por cá, o nosso Presidente da Câmara tem uma posição muito clara quanto curiosa, que não permite dúvidas: para ele devia poder-se construir a 15 metros das ribeiras, em Reserva Ecológica, sem males de maior.
Parece assim não haver dúvida que neste concelho, a haver populações afectadas por cheias e desastres por elas potenciadas, saberemos a quem pedir responsabilidades.
Também sabemos já de antemão, qual será a resposta de Mário Almeida, a responsabilidade será dos construtores, já que ao solicitarem autorização para construir, assumem --na curiosa opinião do nosso edil-- a responsabilidade.
- Para que servem então as leis e o pedido de autorização para construir, se a autoridade pública se demite de as fazer cumprir ?
- Não é a competência da autarquia, e do seu Presidente, fazer cumprir o PDM ?
- Para que serve a autoridade pública ?
- Que risco corre o empreiteiro, é ele que vai ocupar as casas que constrói em zona de risco ?
Na câmara de Vila do Conde, o seu Presidente serve para 'fazer diligências' para que a lei não seja cumprida.
Com tanto jeito para diligências junto da CCRN, percebe-se porque tanto quis ter lá como vice-presidente o seu filho Bruno, no tempo do governo Guterres.

“...Relativamente à questão da JUM, (1) a câmara municipal empenhou-se desde a primeira hora, naquele projecto, aliás foi a câmara quem o elaborou, houve uma cedência de terreno, levantou-se um problema porque a área de terreno cedida é junto ao ribeiro, portanto apanha reserva ecológica, chegaram a ser dadas indicações à JUM, que procurasse que o proprietário em vez de ceder a faixa sul cedesse a faixa norte, a câmara estaria disponível para alterar o projecto, também não foi possível isso, portanto têm sido feitas diligências junto da Comissão de Coordenação da Região Norte, que é quem tutela a Reserva Ecológica, no sentido de se encontrar forma para viabilizar a construção. Aliás não sou muito.... não compreendo muito bem estas restrições que são impostas, ali há um afastamento que ultrapassa os quinze metros, e isso é sempre um risco que corre o construtor e portanto temos procurado tentar sensibilizar a Comissão de Coordenação da Região Norte no sentido de autorizar essa construção, o que não tem sido fácil, mas não deixaremos de o fazer.”
Mário Almeida na Assembleia Municipal de 27 de Abril de 2006
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(1) Construção da sede da Juventude Unida de Mosteiró, associação da freguesia Mosteiró, concelho de Vila do Conde.